quinta-feira, 27 de maio de 2010

Foi sem querer, querendo...


De acordo com Sartre e a corrente do Existencialismo, “somos condenados à liberdade”. Se você escolher não escolher, já terá escolhido. Somos responsáveis por nossas escolhas, nossas atitudes; e essas têm conseqüências para a sociedade. Então somos livres. Mas acredito também que somos condicionados pela sociedade. Fazemos coisas sem querer, mas por vontade própria. Acha que não? Preste atenção: pagamos impostos, pegamos trânsito, somos fiéis nos relacionamentos (alguns né?), respeitamos leis, trabalhamos e tomamos banho kkkk! Você poderia então me dizer que, se estamos presos a um condicionamento, não existe liberdade. Talvez, mas pense numa sociedade: Eu sou livre, mas a partir do momento em que vivo em sociedade, preciso respeitar suas regras, abrindo mão de certas liberdades, para que exista harmonia. Sou livre para transgredir, mas existirão conseqüências: prisão, desemprego, multa, exclusão social e a temida vingança da namorada.
Voltamos ao ponto inicial, em que somos livres e por isso, responsáveis por nossas atitudes. Sou livre para matar, mas meu condicionamento cultural diz que isso é errado. Sou livre para não tomar banho, mas sei que serei excluído socialmente pelas mulheres! Tenho a liberdade de transgredir, mas sou responsável por meus atos. Existirão conseqüências.
O filósofo Fernando Savater afirmou que “A noção de ‘voluntário’ não é tão clara como parece. Em sua Ética a Nicômano, Aristóteles imagina o caso de um capitão de navio que deve levar certa carga de um porto para outro. No meio da travessia despenca uma enorme tempestade. O capitão chega à conclusão de que só pode salvar o barco e a vida de seus tripulantes, se jogar a carga pela borda para equilibrar a embarcação. De modo que ele a joga na água. Pois bem, ele a jogou porque quis? É evidente que sim, pois poderia não ter se livrado dela e arriscar-se a morrer. Mas é evidente que não, pois o que ele queria era levá-la até seu destino final, caso contrário teria ficado sossegado em casa, sem zarpar! De modo que jogou querendo...mas sem querer”. Vamos pegar o exemplo da faculdade: é final de semestre e está todo mundo cansado. Vou pra faculdade sem querer, mas querendo (por vontade própria)! Sou livre para simplesmente não ir, mas sei que é preciso terminar o semestre. E por fim só mais um exemplo, o de uma guerra: imagine que você está no campo de batalha e aparece um inimigo correndo em sua direção, armado. Você obviamente não quer tirar uma vida, mas ao mesmo tempo quer e precisa, para preservar a sua. Como dizia o grande filósofo Chaves: “foi sem querer, querendo!”
Finalizo com um trecho da Bíblia que me inspirou a escrever tal texto: “tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”. Em outras palavras: haverá conseqüências!

6 comentários:

  1. Verdade Israel. Quando li sua postagem lembrei da Cecília Meireles, ela escreveu uma poesia que fala da liberdade e diz que é uma palavra que o sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém que não entenda.
    Acredito que a liberdade implica em Ser e fazer, não é algo que nos e dado mas conquistado já que decorre de uma escolha.

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  2. Texto maravilhoso. Claro, dinâmico.Somos livres, ainda que existam fatores restringetes à liberdade. Eis aí a razão da trangressão: furar as paredes que restringem a liberdade. E neste sentido às vezes é necessário tansgredir. Tal como [Joquebede] a mãe de Moisés, que transgrediu a restrição de faraó, recusando-se a matar seu próprio filho.Sem saber acendeu o estopim de uma revolução libertária. Ou como Paulo, que precisou transgredir pregando um Deus cuja mensagem causou oposição ao governo tirano de César. Neste sentido, transgredir é preciso, porque ser livre é fundamental. A maneira como você fecha o texto é fantástica. Põe equilíbrio e lucidez em tudo.

    Você me dá orgulho, camarada!

    Domingos Rodrigues Alves

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  3. A filosofia de Sartre se aplica,principalmente,para os não cristãos(não convertidos).Isso pelo fato de eles não terem a quem clamar e assim sua vida se restringe às suas escolhas,o que quero dizer é que eles estão mundo sozinhos(a bíblia diz que suas orações não são ouvidas),só eles e suas escolhas...Por isso que é importante usar da liberdade que se tem para fazer a melhor escolha.

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  4. Parabéns Israel!! Você conseque passar com clareza ao leitor a idéia de escolha e liberdade.

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  5. Somos livres, esta liberdade nos da opção de aceitar a sociedade ou não, pois a sociedade vai nos ajudar a sobreviver, para isso temos que aceitar as suas regras, caso contrário, iriamos para o meio do mato viver independente, seria mais difícil, creio. Em minha concepção, a liberdade natural do ser humano existe, mas ele sempre estará sujeito a sacrificar um pouco dessa liberdade por um benefício maior, portanto desde o início é uma escolha.

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