
De acordo com Sartre e a corrente do Existencialismo, “somos condenados à liberdade”. Se você escolher não escolher, já terá escolhido. Somos responsáveis por nossas escolhas, nossas atitudes; e essas têm conseqüências para a sociedade. Então somos livres. Mas acredito também que somos condicionados pela sociedade. Fazemos coisas sem querer, mas por vontade própria. Acha que não? Preste atenção: pagamos impostos, pegamos trânsito, somos fiéis nos relacionamentos (alguns né?), respeitamos leis, trabalhamos e tomamos banho kkkk! Você poderia então me dizer que, se estamos presos a um condicionamento, não existe liberdade. Talvez, mas pense numa sociedade: Eu sou livre, mas a partir do momento em que vivo em sociedade, preciso respeitar suas regras, abrindo mão de certas liberdades, para que exista harmonia. Sou livre para transgredir, mas existirão conseqüências: prisão, desemprego, multa, exclusão social e a temida vingança da namorada.
Voltamos ao ponto inicial, em que somos livres e por isso, responsáveis por nossas atitudes. Sou livre para matar, mas meu condicionamento cultural diz que isso é errado. Sou livre para não tomar banho, mas sei que serei excluído socialmente pelas mulheres! Tenho a liberdade de transgredir, mas sou responsável por meus atos. Existirão conseqüências.
O filósofo Fernando Savater afirmou que “A noção de ‘voluntário’ não é tão clara como parece. Em sua Ética a Nicômano, Aristóteles imagina o caso de um capitão de navio que deve levar certa carga de um porto para outro. No meio da travessia despenca uma enorme tempestade. O capitão chega à conclusão de que só pode salvar o barco e a vida de seus tripulantes, se jogar a carga pela borda para equilibrar a embarcação. De modo que ele a joga na água. Pois bem, ele a jogou porque quis? É evidente que sim, pois poderia não ter se livrado dela e arriscar-se a morrer. Mas é evidente que não, pois o que ele queria era levá-la até seu destino final, caso contrário teria ficado sossegado em casa, sem zarpar! De modo que jogou querendo...mas sem querer”. Vamos pegar o exemplo da faculdade: é final de semestre e está todo mundo cansado. Vou pra faculdade sem querer, mas querendo (por vontade própria)! Sou livre para simplesmente não ir, mas sei que é preciso terminar o semestre. E por fim só mais um exemplo, o de uma guerra: imagine que você está no campo de batalha e aparece um inimigo correndo em sua direção, armado. Você obviamente não quer tirar uma vida, mas ao mesmo tempo quer e precisa, para preservar a sua. Como dizia o grande filósofo Chaves: “foi sem querer, querendo!”
Finalizo com um trecho da Bíblia que me inspirou a escrever tal texto: “tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”. Em outras palavras: haverá conseqüências!